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Paiva Netto, Foto João Preda |
Paiva Netto
No Brasil, as atenções
estão voltadas para os reflexos da presente crise mundial. Contra ou a favor,
políticos, economistas, empresários, analistas opinam sobre medidas que freiem
ou impulsionem o consumo, ou lá o que seja, evitando desse modo, conforme
pensem, maiores transtornos sociais ao país.
Apesar de toda a
inquietação, saibamos utilizar este momento para atingir o equilíbrio, sem o
qual mais dificilmente alcançaremos o triunfo. O que é a crise senão ensejo
disfarçado de infortúnio? Obstáculos são prêmios de Deus à nossa inteligência,
estímulo para quem não abdica das realizações que lhe vêm justificando a
existência, dando sabor à vida. É quando melhor se pode exercer o talento. Todo
revés traz em si próprio a solução, ensina a vetusta e experiente cultura
oriental. Lamentar nada constrói. Temos de combater o desânimo, sem iludir a
multidão. Se desolados, homens e nações quedam-se indefesos ou levantam-se em
revolta.
Sabedoria de Confúcio
É preciso sonhar,
concorrer por um mundo mais digno. Pari passu, ter os pés no chão, isto
é, certeza de que mudanças desejadas não chegam sem esforço real. Meditemos
sobre esta pérola da sabedoria de Confúcio: “Se determinarmos com bastante
antecedência a nossa norma de conduta na vida, em nenhum momento seremos
assaltados pela aflição. Se sabemos, previamente, quais são os nossos deveres,
será fácil darmos-lhes desempenho”. Planejamento puro.
Por sinal, a filosofia
do respeitado mestre chinês é considerada um dos fundamentos do notável impulso
que fez surgir os “tigres asiáticos”, também hoje abalados pela tensão
globalizante. Nos encontros entre expressivas economias do planeta —
naturalmente movidas pelo instinto de sobrevivência — na busca de mecanismos
salutares para o enfrentamento da crise, é essencial, contudo, que a razão seja
permeada pelo espírito solidário (coisa ainda rara nesses relacionamentos
internacionais), pois o coração torna-se mais propenso a ouvir sempre que a
fraternidade é de fato o alicerce do diálogo. Elas, um dia, compreenderão que,
sem amor ou qualquer outro nome que em “tecnês” queiram dar-lhe, haverão de
deparar-se com as grandes tribulações anunciadas por Jesus no Seu Evangelho,
segundo Mateus, capítulo 24, integral. Ademais, a vida é uma constante
prestação de contas ao tribunal da consciência, do qual ninguém escapa, mesmo
que jamais o revele.
Disposição
Disposição
inquebrantável é resposta apropriada a qualquer crise. (...) Não nos esqueçamos
de que — quando permanecemos com Deus — até a desventura se mostra o instante
mais propício para criar.
Há quem passe anos
esperando o pior. Só isso é motivo para a pessoa cair doente. Por que não
almejar o melhor e trabalhar por ele? Thomas Jefferson (1743-1826) alerta-nos
para esta gritante realidade: “Quanto nos custaram os males que nunca
aconteceram!”. E ainda há aquele ditado russo que aconselha: “Creia em Deus,
mas continue nadando para a praia”.
Meu pensamento solidário
a todos que, povo e governo, enfrentam dificuldades, não baixam a bandeira e
dignificam suas famílias e a pátria, dessa forma sobrevivendo bem mais operosos
e fortes. Nosso país tem procurado defender-se da procela que ora agita outros
povos. O bom combate nos permite a valiosa chance de progredir.
Jesus, porém, não entra em crise. Supliquemos,
pois, a Sua proteção.
José de Paiva Netto, jornalista,
radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br
— www.boavontade.com